O fechar das cortinas - 2011

     Sentada no topo da pedra do arpoador o vento gelado bagunçava os cabelos loiros dela. Olhando para o tempo nublado ela pensava “será que a virada vai ser debaixo de chuva?”, porém, mais do que pensar no tempo ela gostava daquele lugar para pensar na vida, pensar em mais um ano que estava acabando.

      E foi um ano conturbado, diga-se de passagem, ela começara trabalhando feito escrava na rodoviária, aturando clientes chatos a manhã inteira, pelo menos a alforria não demorou tanto a chegar. Nesse tempo também ela conheceu o príncipe encantado, ou pelo menos a primeira vista ela achava que era. Ao pensar nesses momentos ela deixou que algumas palavras fossem levadas pelo vento “nem sempre a armadura reluzente é de aço, às vezes é feita de latão”.

    Mas nem tudo no ano havia sido ruim pensava ela, havia arranjado outro emprego, conheceu pessoas novas, umas mais sérias, outras mais doidas, mas todas igualmente agradáveis e que mostraram que podem se tornar importantes amizades. Divertiu-se com os amigos, riu, foi ao cinema, quase caiu na escada do Botafogo Praia Shopping (a pessoa que estava com ela certamente se lembrará)...enfim...foi feliz.

      E agora as cortinas de 2011 estavam se fechando, preparando um novo espetáculo para 2012...Os personagens, ela só sabia de alguns que já lhe acompanhavam a algum tempo e outros que haviam chegado para o ato que estava se encerrando. Não há como prever se novos personagens irão aparecer em sua vida, mas afinal ela nem gostava de saber tudo de antemão, são as surpresas que fazem a vida ser melhor...