Flug Nummer 49632 nach Rio de Janeiro, wünschen Sie bitte sich hinsetzen. Flight number 49632 to Rio de Janeiro, please take your seats. Fazia muito tempo que ela não escutava isso, mais precisamente três anos, o tempo que ela havia passado na Alemanha fazendo seu mestrado e agora voltava ao Brasil para passar férias. O mês era dezembro e ela ficaria no Brasil até março, quando deveria voltar para a Humboldt Universität de Berlim para fazer seu doutorado.
De certa forma ela preferia passar suas férias na França, Itália, Holanda, ou qualquer outro país na Europa para não precisar pegar o calor que ela julgava insuportável do seu Brasil, mas sua família e amigos insistiram para que ela voltasse, pois assim poderiam comemorar o título de mestra.
Ela já estava sentada usando seu lap top, quando do seu lado um homem chega para colocar a mala no bagageiro, entretanto o homem é um tanto quanto atrapalhado e deixa seu celular cair sobre ela. Mal humorada como só ela, o olhar mortal logo é dirigido ao homem, que pede desculpas e logo pelo alemão carregado ela percebe que ele não é alemão nato e então começam a conversar.
Não precisaram gastar muito o inglês para descobrirem que ambos eram brasileiros e logo o português toma conta da conversa. Originários da mesma cidade, “nossa o mundo deve ser bem pequeno” pensou ela e conforme iam falando, mas descobriam em comum. Ele tinha ido para Berlim de férias, mas não havia gostado muito pelo choque de cultura, ela apenas ri e diz que para gostar da Alemanha é apenas uma questão de tempo e adaptação. A conversa é bastante proveitosa até o Brasil, quando no aeroporto eles trocam e-mails e telefones e marcam de se encontrarem novamente.
Ela chega em casa só pensando em tomar um bom banho e dormir, mas seus planos são interrompidos pela festa surpresa organizada pelos amigos. Entre cumprimentos de amigos e familiares ela já está de saco cheio e o seu telefone ainda começa a tocar. Ela atende friamente, mas logo que reconhece a voz, a entonação muda, era ele ligando para perguntar se ela havia chegado bem e pra dizer que estava a salvo em casa. Conversam um pouco, mas ela se vê obrigada a desligar, pois seus amigos querem atenção. Na despedida eles marcam de almoçarem no dia seguinte na Confeitaria Colombo, fazia tempo que ela não ia aquele lugar que ela tanto gostava.
Eles se encontraram no dia seguinte e no outro e no outro e muitas vezes mais, a afinidade que brotara entre eles era simplesmente incrível e parecia que eles já se conheciam há muitos anos. Foi então que ela sentiu alguma coisa diferente, mas não queria pensar nisso em relação a ele, em mais um mês ela voltaria para Berlim, além do mais ele passava por problemas no relacionamento, mas gostava muito da noiva.
Mas quem consegue mandar nos sentimentos e no coração, cada dia que passavam juntos ela sentia que se apegava mais e ela não gostava disso, porque não queria se magoar fazia tempo, mas as feridas ainda eram grandes. No entanto chegou um ponto que antes dela ir embora ela precisava lhe contar, pois na sua cabeça ela não estava sendo sincera consigo mesma e com ele, escondendo o que ela estava sentindo.
Era uma sexta feira, no dia seguinte ela pegaria seu vôo para Berlim e eles marcaram de se encontrar no arpoador onde já haviam ido algumas vezes para passar horas conversando.
Como sempre ela chegou primeiro, já que pontualidade não era bem o forte dele. Ela estava decidida a contar para ele e quando ele chegou, ela pode notar que ele estava muito sorridente, mas ela estava tão nervosa que não queria saber o que estava acontecendo, só queria começar a falar.
Entretanto ele disse que tinha uma novidade para contar primeiro e foi ai que o chão sumiu debaixo dos pés dela, ele havia se acertado com a noiva. Ela não conseguia pensar em nada, era como se todas as palavras tivessem fugido de sua cabeça, ela só pensava na coragem que não havia tido desde o princípio. A reação foi parabenizá-lo e mais nada, ela disse que tinha que ir, porque seus pais haviam marcado de jantar.
Então ela se despediu dele e no caminho de volta ela só conseguia pensar em voltar pra sua Berlim, pro seu refúgio, pra onde ela havia fugido a três anos atrás.
E tendo visto o mundo abaixo dos seus pés desabar, não mais quis viver, em Berlim foi se refugiar
ResponderExcluir:p